sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

tempo sem relógio.

O dia de ontem foi um dos mais horríveis que consegui passar.
Começou com a típica rotina, e com a mesma apatia como escudo de protecção paras as verdadeiras razões de todo o humor.
Não me senti capaz (de novo) de conseguir dar a gargalhada a que fosse fruto de uma verdadeira alegria, porque essa parece guardada numa caixinha fechada a 7 chaves.
Depois de me despedir de todos aqueles pequeninos sorrisos que aquele jardim tem para oferecer, e de pensar mais uma vez que ali sim, eu consigo sentir-me confortável.
Talvez pela ignorância e pelo desconhecimento de tudo o que comigo se passa, ali, eu sei que consigo, para além de continuar na farsa, eu sei que me consigo formar numa pessoa em que no ar livre da rua, eu saberia que se iria quebrar no caminho para casa.
E assim foi, mas desta vez, ultrapassou o nível de uma simples fase má.
A caminho d casa, comecei a sentir um orvalho leve, então, puxei o carapuço do casaco, olhei para o telemóvel uma ultima vez para ver se alguém estava lá à espera de uma resposta, e comecei a alargar o passo para conseguir chegar o mais seco possível, ao meu destino; o meu quarto, para mais uma vez, me deitar sobre a cama, fechar todas as persianas, e não deixar sequer uma única luz de presença, porque eu estava ali apenas para me conseguir conter.
Mas não, não fui capaz.
Espontaneamente, fui tomado por um choque de emoções.
Senti-me magoado, e senti que não valeu a pena; não fui capaz de conseguir recapitular, todos os dias anteriores, e conseguir conter tudo o que tenho aqui.
As lágrimas começaram a cair, a cair cada vez mais rápidas, e cada vez mais custosas, então não consegui, e caí no chão, em plena rua, debaixo da chuva que começava a molhar o meu corpo.
A respiração custou imenso, o sufoco das lágrimas era o que toava nos ouvidos.
Custou-me tanto ver-me de tal maneira desamparado ali, caído naquele escuro, onde naquela rua, só se ouvia o meu choro.
Não consegui sentir vergonha por o que estava a passar, porque o tempo não deixou, mas também não o tenho agora. Mas sei que o que se passou ali, naqueles longos minutos, foi algo que não desejo a ninguém, é algo que não quero repetir.
Por maior que seja a explicação, ninguém será capaz de entender, a dor e o medo de querer conseguir levantar-me e as pernas, os braços não terem força.
A chuva continuou a cair, e custou imenso ver as lágrimas juntarem-se à água da chuva, no meio daquele escuro todo.
Eu sei que não devia deixar passar esta situação em níveo, mas não me sinto idóneo de enfrentar motivos agora.

Por agora isto não me sai da cabeça.
Desculpa por ser um coração fraco.

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